PADRE ALVES BRÁS

Festa em Casegas

Data

A celebração das bodas de ouro do Centro de Cooperação Familiar em Casegas e a evocação do seu Fundador. 

Há 50 anos, precisamente a 22 de Julho de 1962, os habitantes da aldeia de Casegas, situada no sopé da Serra da Estrela, viram concretizado um dos grandes sonhos de um ilustre filho da terra – Mons. Joaquim Alves Brás – através da inauguração do Centro de Cooperação Familiar, cujo objectivo era e, continua a ser, a promoção, a formação e a dignificação integral da família. Mons. Brás afirmava então: “A família é a pedra angular do edifício social; é a nascente de onde brota a humanidade. E ela está doente e desorientada, porque lhe tem faltado os meios de preparação e formação dos seus membros”.

Mons. Joaquim Alves Brás, homem acostumado a desenvolver e a realizar múltiplas acções, o apóstolo incansável da família em Portugal, depressa percebeu quão importante era a construção de estruturas que permitisse o desenvolvimento de actividades formativas, pastorais, apostólicas e sociais. Só um coração de apóstolo é capaz de “inventar” formas novas para responder a necessidades concretas e urgentes. O seu espírito empreendedor, a acutilância na leitura dos sinais dos tempos, o pragmatismo na acção, ancorados na fé, revigorados na esperança e permeados pela fidelidade dinâmica ao Espírito, impulsionaram-no a contribuir para o desenvolvimento do património cultural e espiritual da sua terra natal e respectiva região. A carta escrita pelo seu punho em 20 de Junho de 1962, dirigida aos colegas sacerdotes do Arciprestado, por ocasião da Inauguração oficial do Centro, é expressão desse profundo desejo: “…construí (…) o Centro de Cooperação Familiar, com o fim de beneficiar espiritualmente, não só a minha aldeia natal mas todo o Arciprestado de Silvares. Ali se poderão dar retiros especializados para homens, rapazes, mulheres e raparigas (…) fazer cursos especializados, formação de catequistas (…) e preparação de noivos. Também os sacerdotes do Arciprestado se podem reunir uma vez ou outra, para recolecções ou para troca de impressões sobre a organização apostólica…”.

Este projecto de plano de actividades é reforçado por D. Policarpo da Costa Vaz, então Bispo da Guarda, no documento de Provisão enviado a Mons. Brás a 26 de Junho de 1962 na qual autoriza a presença das Cooperadoras da Família na paróquia de Casegas e o funcionamento do Centro de Cooperação Familiar “destinado a preparar as raparigas para a sua missão de esposas, mães e donas de casa, mediante cursos de preparação moral e serviços domésticos…”.

De modo simples e singelo, celebramos o “tempo” e o “espaço” do Centro de Cooperação Familiar, tempo que se faz história (memória agradecida) e espaço que se faz encontro das pessoas que por aqui passaram e deixaram rasto, Cooperadoras da Família, crianças, jovens, famílias, pessoas singulares, etc.

Este contexto celebrativo é para todos nós:

Tempo de balanço para celebrar a memória do trabalho realizado e, sobretudo, de evocar e homenagear aquele que foi o seu protagonista, que soube estar ao lado dos caseguenses, com dedicação e solicitude pastoral;

Espaço privilegiado para projectar o futuro na fidelidade aos dinamismos carismáticos que continuamente procuram congregar sinergias e catalisar recursos humanos e espirituais capazes de recriar respostas ajustadas aos problemas da família de hoje;

Momento de júbilo e acção de graças.

Em síntese estamos aqui reunidos para celebrar com simplicidade, alegria e jubilo vários acontecimentos que se entrelaçam, completam e reclamam na reciprocidade do dom:

O dom da vida e da vocação do pequeno Joaquim Alves Brás, nascido no coração desta comunidade;

O dom do seu sacerdócio à igreja e à sociedade – no dia 19 e 20 de Julho celebrou, respectivamente, o octogésimo sétimo aniversário de ordenação presbiteral e de missa nova;

O dom das Instituições por ele fundadas para a promoção da humanidade: o Instituto Secular das Cooperadoras da Família, a Obra de Santa Zita, o Movimento por um Lar Cristão e o Centro de Cooperação Familiar;

O dom de 50 anos de actividade deste Centro, expressão da generosidade e dedicação das Cooperadoras da Família que por aqui passaram e lhes deram o melhor das suas vidas numa atitude de serviço e colaboração com a comunidade local e a diocese; 

O dom que é cada um de nós aqui presente, na construção de um mundo mais humano e mais fraterno.

As raízes de 50 anos, conferem-nos na simplicidade que nos caracteriza, capacidade para ir mais além, para enfrentarmos o desafio do futuro, acolhendo as realidades mais ou menos duras do tempo presente e procurando as soluções do futuro ainda que meramente prováveis.

Como não podia deixar de ser, a festa incluiu uma visita à Casa Museu, a recordar e evocar a figura e a ação do Fundador, em prol da família e de sua terra natal.