O Pe. Joaquim Alves Brás é conhecido como um homem de caráter firme, de confiança sobrenatural, fortaleza espiritual, apaixonado pelo sacerdócio, com amor incondicional à Igreja e como fundador, apóstolo incansável da família. Considero-o um verdadeiro homem de Deus.
A sua infância e juventude foi cheia de grande lucidez, perseverança e fidelidade na vocação, que o ajudou a preparar para tão nobre e responsável missão na Igreja e no mundo.
Na casa dos pais, na vida da paróquia, nos Seminários Menor e Maior da Guarda, na ordenação e na vida sacerdotal, como pároco em Donas, Fundão, diretor espiritual, visitador dos doentes no Hospital da Guarda, na promoção e formação das criadas de servir e nas empregadas domésticas, tendo ao longo de toda a sua vida, no seu vasto apostolado, a certeza da presença de Deus.
Todo este caminho foi um fio condutor na fundação das suas Obras: a Obra de Santa Zita, a Obra Pia das Cooperadoras da Família, o Instituto Secular das Cooperadoras da Família, os Centros de Cooperação Familiar, o Movimento por um Lar Cristão, a promoção espiritual de retiros e de cursos de costura, culinária e lavores.
Foi, igualmente, inovador na criação de órgãos de comunicação e formação cristã, como o Almanaque de Santa Zita, o Jornal Bem-Fazer e o Jornal da Família. A isto tudo soma-se ainda as reuniões de formação, de acolhimento e orientação espiritual, como horizonte de promoção vocacional e da dignidade da mulher para o maior bem das famílias.
As pessoas com quem ele se cruzou, ao longo da sua vida, quer em Portugal ou no estrangeiro, beberam do seu estilo próprio de ser sacerdote, sempre iluminado pela luz do Mistério da Santíssima Trindade, tomando como exemplo a Família de Nazaré. A sua vocação foi exercida sempre com uma constância incontornável e a toda a prova, mesmo no meio das maiores provações, “soube esperar contra toda a Esperança”.
O Pe. Joaquim Alves Brás viveu a sua vida de um modo inquieto, profundamente tocado por Deus, apaixonado por Jesus e iluminado pelo Espírito Santo, com uma grande devoção à Virgem Maria e a São José.
Por amor a Jesus e à Igreja tornou-se sacerdote para ajudar as pessoas a encontrarem a alegria de viverem a vida de comunhão e intimidade com Deus.
Foi marcado no dia a dia pelo exemplo da sua mãe e do seu pai. Apaixonado pela vocação sacerdotal, com grande disponibilidade interior, dedicou-se com alma e zelo apostólico à orientação espiritual dos seminaristas e, simultaneamente, foi um artífice da Obra de Santa Zita.
Profundamente iluminado pela Santíssima Trindade, deixou-se cuidar e guiar pelo Espírito Santo, que fez dele um apóstolo e um modelo de imitação das virtudes da Sagrada Família de Nazaré.
Façamos memória de um jovem, um homem, um sacerdote e um fundador com uma verticalidade espiritual e pastoral, que marcou profundamente as pessoas e as obras que fundou, que ainda hoje continuam atuais e vivas.
A confiança em Deus e o zelo pela causa da Igreja levou-o a sair de si mesmo para se dedicar carinhosamente ao serviço da promoção e dignificação da mulher, da família, e da sociedade em geral.
Para ele, toda a inspiração recebida, diante do Sacrário, foi colocada ao serviço do Apostolado da Família, reconhecendo esta como “célula base da sociedade”, verdadeira Igreja doméstica, e a fonte de água-viva onde todos devemos beber.
O legado do Monsenhor Joaquim Alves Brás, fundacional, institucional, espiritual e social, continua vivo através das suas seguidoras, dos membros do Instituto Secular das Cooperadoras da Família, dos membros da Obra de Santa Zita e de todos os que fazem parte da Família Blasiana.
Que o espírito sacerdotal do Venerável Monsenhor Joaquim Alves Brás, ao assinalarmos o centenário da sua ordenação, continue a gerar vida na Igreja, com novas vocações sacerdotais, na certeza que a “Esperança que não Engana”, nos convida, com as “mãos no trabalho e o coração em Deus”, a continuar a sua Obra, a cuidar da Família e a produzir muitos e abundantes frutos de santidade e caridade para a vida da sociedade.
D. António Luciano, Bispo de Viseu
Artigo da edição de julho de 2025 do Jornal da Família
Foto: Encontro de antigos alunos do Seminário da Guarda – Ao centro, do lado direito, o Pe. Brás e, ao lado, D. João Saraiva, Bispo do Funchal (Arquivo ISCF)