Entrou na linguagem e na alma da Família Blasiana o aforismo: “Mês de Março, Mês do Fundador”, e já ganhou foros de cidadania, particularmente no Instituto. Evidentemente que os vários eventos celebrativos do Fundador no mês de março – o seu nascimento e batismo, a erecção canónica do Instituto, o seu falecimento, a declaração da heroicidade das suas virtudes – no mês que a Igreja dedica a S. José, não podem nem devem, ainda que tenuemente, ofuscar o brilho do Mês de S. José, Esposo de Maria, Pai de Jesus, Patrono da Igreja Universal. Bem ao contrário, quanto maior devoção a Família Blasiana dedicar ao seu Venerável Fundador, quanto mais se empenhar em aprofundar e viver o seu espírito e carisma, tanto mais cimenta e afina o seu espírito eclesial e mais solidifica a comunhão com toda a Igreja.
É importante termos bem em conta que a verdadeira e particular devoção ao Fundador se insere e muito enriquece o património espiritual da Igreja Universal. Também neste particular da devoção e do amor a S. José, e do reconhecimento do seu devido lugar na história da Redenção, muito temos a aprender, a viver e a testemunhar, com o exemplo de vida do Fundador e com os seus ensinamentos.
Para nos ajudar neste sentido podemos ler: “S. José na Família de Nazaré e na Vida da Igreja”, in Boletim Flores sobre a Terra nº 105, referente ao trimestre janeiro /março 2021. Ali, a Lídia Pranchas afirma que “S. José é um dos membros da Sagrada Família de Nazaré, por quem o Venerável Padre Joaquim Alves Brás nutria uma especial devoção”. E mais adiante “A nós, Cooperadoras da Família, com frequência falava de S. José, como Mestre e Modelo, da vida interior, do trabalho e do silêncio. E sempre nos estimulava no ‘Ite ad Joseph’, para despertar em nós a mesma fé e devoção que ele próprio nutria por S. José.Com verdade o pode dizer, já pela sua experiência pessoal, no contacto direto com o Fundador, já pela amostragem dos escritos editados e inéditos que ali transcreve, já por tantos outros apontamentos e episódios da sua vida, uns mais outros menos conhecidos.
O Venerável Padre Brás manifestava, efetivamente, o seu amor e devoção a S. José sem qualquer pejo, e em qualquer circunstância. A título de exemplo e a propósito da erecção canónica do Instituto, transcrevemos o extrato da ata do Conselho Executivo da Obra Pia das Cooperadoras da Família de 8/3/1961:
“Todos nos regozijámos pela grande graça que a Sagrada Congregação dos Religiosos nos acaba de conceder, comunicando a Sua Eminência, Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa que Nada Obstaà erecção canónica do Instituto das Cooperadoras da Família. Sua Reverência, o nosso Fundador, comunicou ao Conselho que manifestara a Sua Eminência o desejo de que o Decreto de erecção canónica fosse lavrado com a data de 19 de março, festa do glorioso S. José. Sua Eminência condescendeu apesar do dia dezanove cair a um domingo, motivo porque a festa litúrgica de S. José se celebra no dia vinte, segunda-feira”
E ainda no mesmo sentido do amor a S. José, o extrato de outra ata, datada de 23/2/1966: “Sua Revcia [o Padre Brás] disse que era sua intenção seguir para Madrid dia 8 de março com a Senhora Subdirectora e Ecónoma Gerais para lá alugarem uma casa e teria muito gosto que no dia dezanove a festa de S. José lá pudesse celebrar a Santa Missa”.
Estes pormenores, como tantos outros, podem parecer sem importância, mas manifestam aquela sabedoria divina, das pequenas coisas humanas, que ajudam a viver, no horizonte da fé e alimentam a vida espiritual das pessoas e das próprias instituições.
Com que devoção se rezava no mês de março a Ladainha de S. José e aquela oração tão bonita, um bocadinho mais longa que a do Papa Francisco in Patris Corde mas que as Cooperadoras contagiadas pelo seu Fundador rezavam não só com os lábios, mas também com o coração, diante da imagem de S. José. Imagem bonita e carregada de tão grande simbolismo bíblico-teológico e espiritual, que se pode venerar hoje, tal como ontem, na Capela da Casa de Santa Zita da Estrela.
E gostava de terminar esta reflexão com um pequeno, mas importante inciso que o Bispo Emérito no Brasil, D. Diamantino Prata escreveu à Vice-Postulação depois de ter recebido o referido Boletim: “Fiquei encantado com a devoção a São José de Mons. Brás. Antecipou-se ao Papa Francisco. Que o Santo Patriarca, Pai adoptivo de Jesus e Esposo de Maria, ajude na beatificação de seu devoto!”
Também este é o nosso desejo, para tanto temos de nos empenhar verdadeiramente e, por todos os meios, na Causa da sua Beatificação.
Maria de Fátima Castanheira