(X) – Padre Joaquim Alves Brás – Cem Anos de Sacerdócio, em prol da Humanidade

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Partimos em busca do sentido de humanidade na Vida e Obra do Padre Joaquim Alves Brás. “O que aqui se pretende falar não é de uma humanidade abstrata, muito pelo contrário, é de uma humanidade feita de rostos concretos e com histórias singulares e impactantes”, escreve a Cooperadora Conceição Brites.

Da, já longa, história da Humanidade faz parte uma plêiade, talvez de miríades, de personagens que, devido ao seu talento, ou à sua missão devotada a causas singulares e nobres, podem caraterizar-se por heróis, sábios, ou santos, de todos os tempos, culturas, línguas, povos e nações. É graças a esta plêiade, que o mundo e a humanidade, mais devem a sua evolução, aos mais diversos níveis: científico, técnico e humano, abrangendo áreas tais como a filosofia, a teologia, a política, a economia, o trabalho, a saúde, a educação, etc., etc., etc.

Algumas destas personagens figuram, nos anais da história, como estrelas de primeira grandeza, quer pelo brilho dos seus feitos, quer pela sua posição, enquanto outros, menos expostos aos “holofotes” da alta sociedade, aparecem com menos brilho, porque situados mais abaixo, nas sombras ou franjas obscuras da sociedade a que se dedicaram, não obstante terem sido autênticos luzeiros para quantos viviam na obscuridade da vida.

Talvez o Padre Brás tenha sido um destes personagens, que não brilhou muito de cima, ou para cima, mas foi rasto de luz para muitos e muitas que, devido à sua baixa condição, não ousavam olhar, da sua precariedade, para mais alto.

Falar, acerca do Padre Brás, de Cem anos em prol da humanidade, pode parecer uma ideia um pouco vaga, para um homem tão concreto na sua vida como na sua ação. Porém, o que aqui se pretende falar não é de uma humanidade abstrata, muito pelo contrário, é de uma humanidade feita de rostos concretos e com histórias singulares e impactantes nessa mesma humanidade, porque interdependentes e influentes, tanto na família, como na Igreja, uma e outra, constituintes básicas das sociedades que constituem a mesma humanidade. 

Não foi por acaso que, na sua mais recente biografia, o seu autor – Monsenhor Arnaldo Pinto Cardoso – tenha apelidado o Padre Brás de “Homem de Deus para a Humanidade” – um binómio tão ajustado quanto realizado ao longo da sua vida. Diz ele que este título define o conteúdo da missão do Padre Brás e a am­plidão do seu espírito, porquanto havia nele uma força que se orientava para a promoção da pessoa como tal, e como membro de uma complexa humanidade.

Por outro lado, falar de humanidade relativamente ao Padre Brás, não significa expressar apenas a dimensão da sua atividade, mas uma sua caraterística muito própria, um adjetivo, que também, e tão bem, o qualifica – o seu sentido de “humanidade”, a sua atenção e ajuda humanitária a todos – podendo considerar-se esse sentido humano, ou de humanidade, como uma porta aberta e aco­lhedora para a sua relação com as pessoas, nomeadamente as jovens que o escutavam.

Nesta medida, sendo, porventura, este seu sentido de humanidade, um dom, algo inato e inerente ao seu ser de homem-homem, à sua personalidade, foi também, sem dúvida, uma virtude do Homem de Deus, ou seja, o resultado da sua consciência de seguidor de Cristo, de servo de Deus, na sua missão de padre. Daí que “a animar as suas Obras havia uma força que se orientava para a promoção da pessoa como tal, e como membro de uma complexa humanidade. Conduzido por uma singular for­ça anímica, ele tinha como objetivo “salvar o homem”, enquanto criatura e promovendo nele a consciência de filho de Deus. Por outro lado, nas suas relações pessoais procurava imitar os gestos de humanidade, de bondade, mansidão e paciência de Jesus para com aqueles que dele necessitavam. De facto, ele assim se expressa:  Jesus estava sentado, quando atendia a Madalena e a Samaritana. E concluía, com o seguinte propósito: Nunca mos­trar pressa às almas necessitadas.

Refere ainda o citado biógrafo que “o sentido de humanidade de Joaquim Alves Brás não se pode se­parar do seu sonho de ser Padre, porquanto ele viveu com tal paixão o Sacerdócio que a sua vida humana se tornou fecunda e exemplar como a dos santos. Numa aliança indissolúvel, a sua humanidade foi posta ao ser­viço do Sacerdócio, de tal modo que a primeira foi iluminada pelo ser Padre. A qualidade do que realizou como Padre tem como base um sentido de humanismo integral”.

Daqui concluímos que, celebrar o centenário da ordenação sacerdotal do Padre Joaquim Alves Brás, para além de ser um motivo mais que justo para reconhecer as qualidades e virtudes deste seu ser de homem-homem e de Padre-Padre, é também, e sobretudo, um motivo para glorificar a Deus por ter chamado ao sacerdócio, este seu servo, que tão bem honrou e fecundou, a bem da humanidade, a sua sublime vocação sacerdotal.

Conceição Brites
Cooperadora da Família
Artigo da edição de maio de 2025 do Jornal da Família

Foto: Arquivo ISCF